"Se pensarmos a escrita no sentido apenas literário, a resposta a essa questão é um pouco obscura. Muitos gostam de ler e escrever, mas outros não. A literatura é uma atividade cultural ricamente simbólica e, como tal, é bom que seja apreciada. Mas, quando perguntamos se vale à pena preocupar-se com a escrita, pensamos a escrita em um sentido mais fundamental, correspondente à competência para escrever. Nesse sentido, a resposta parece afirmativa.
A história do homem é decididamente marcada pela criação da escrita. A própria divisão entre História e Pré-História se faz por essa marca. Ainda hoje, o modo mais simples de medir o desenvolvimento educacional de um povo é a observação de sua taxa de alfabetização. Sob muitos aspectos, ser ou não alfabetizado confere uma diferença significativa de acesso à cidadania e aos bens culturais.
A criação da escrita só pode ser comparada ao surgimento da fala, evento anterior e menos bem definido. A escrita acrescenta ao homem novas possibilidades cognitivas e culturais. Intelectualmente, capacita melhor as inúmeras operações do cérebro, como a contabilidade e a organização de dados. A prática científica e tecnológica só é possível por meio da escrita. Culturalmente, representa um meio mais eficiente de transmissão e acumulação de costumes e saberes. E é em grande parte graças a essa capacidade humana de transmitir conhecimento de uma geração para outra que possibilitou as grandes transformações da vida humana desde o final da Pré-História, há poucos milhares de anos.
É por isso que estudamos textos escritos na escola. Porque a escrita exerce papel fundamental na sociedade contemporânea. É por meio dela que temos acesso e que podemos transmitir infinitos conhecimentos, de inúmeras áreas, como a ciência, a religião, o trabalho e a política.
Vamos considerar a unidade mínima da escrita como o texto. Esse é, em grande medida, um conceito intuitivo. Não adiantaria tentar definir texto, porque precisaríamos de outros conceitos que também não foram ainda definidos. E esses conceitos requereriam outros para sua definição, num processo infindável que não necessitem de definição completa.
Consideramos o texto como uma unidade completa de comunicação. Um livro é um texto porque é um ato de escrita completo, que não faz parte de outro texto. Um capítulo do livro é um fragmento de texto, porque não é um ato completo, mas parte de um texto, ou seja, é parte de um livro. Por essa definição, um folheto distribuído na rua é um texto. Uma redação escolar também.
Naturalmente, porém, um folheto e um livro são gêneros de textos bastante diferentes. É normal que isso ocorra. Quanto mais uma sociedade se torna complexa, maior é a diversidade de gêneros e situações em que se empregam a linguagem e a escrita. O primeiro ponto para o estudo dos textos é distinguir e caracterizar cada um desses gêneros."
Fonte: Livro Positivo
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